Rio tem recorde de vítimas de balas perdidas em janeiro de 2025

Operação da PM no Complexo do Alemão.

Um levantamento divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que janeiro de 2025 foi marcado por um recorde de vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro. No total, 26 pessoas foram atingidas nessa situação, das quais 7 morreram e 19 ficaram feridas. Além disso, o estudo apontou que foram registrados 277 tiroteios ou disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio, número 30% superior ao do mesmo mês em 2024.

De acordo com o Fogo Cruzado, a alta se insere em uma tendência de crescimento gradativo dos confrontos armados na capital e em cidades vizinhas nos últimos anos. Em janeiro de 2024, por exemplo, o mesmo relatório contabilizou 213 ocorrências de tiroteios ou disparos. Já em janeiro de 2023, foram 192. O salto expressivo para 277 neste ano reforça a preocupação de especialistas em segurança pública sobre a escalada da violência.

Principais dados do relatório

  • 277 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio em janeiro de 2025
  • 26 vítimas de balas perdidas, sendo 7 mortes e 19 feridos
  • 30% de aumento em relação a janeiro de 2024

Aumento da sensação de insegurança

Moradores de diferentes bairros e municípios da Região Metropolitana relatam que as trocas de tiros têm ocorrido a qualquer hora do dia, impactando a rotina de quem precisa se locomover para trabalho, estudo ou lazer. As estatísticas do Fogo Cruzado mostram que áreas onde historicamente já havia incidência de confrontos armados – como algumas comunidades na Zona Norte, na Baixada Fluminense e em São Gonçalo – continuam entre as mais atingidas. No entanto, há indícios de que a violência esteja se espalhando também para regiões antes consideradas mais seguras.

Fatores que contribuem para o aumento

Uma série de fatores que podem explicar esse crescimento dos confrontos e, consequentemente, o aumento das vítimas de balas perdidas:

  1. Disputa territorial entre grupos armados: Traficantes e milicianos competem pelo controle de áreas estratégicas para a venda de drogas, cobrança de “taxas de segurança” e outros ilícitos.
  2. Reação das forças de segurança: Operações policiais mais frequentes em regiões dominadas pelo tráfico podem gerar confrontos prolongados, aumentando a possibilidade de vítimas inocentes.
  3. Facilitação do acesso a armas: O comércio ilegal de armamentos, associado às brechas na fiscalização, pode elevar o poder de fogo das organizações criminosas e, consequentemente, a letalidade dos confrontos.
  4. Falta de políticas de prevenção: A ausência de programas de inserção social e melhoria de infraestrutura em comunidades mais vulneráveis contribui para a perpetuação da violência.

Respostas do poder público

A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que intensificou operações em áreas consideradas críticas, com base em dados de inteligência, para tentar reduzir os índices de criminalidade. Entretanto, moradores de diversas localidades onde houve confrontos questionam a eficácia dessas ações, alegando que não há um plano sistemático de acompanhamento social após as incursões.

Já a Secretaria de Polícia Civil ressaltou que investe em investigações para identificar e responsabilizar grupos criminosos responsáveis pelo aumento dos tiroteios, e aponta a importância da colaboração da população por meio de denúncias anônimas.

Em nota, o governo do estado reforçou a necessidade de um trabalho conjunto entre diferentes esferas de poder e órgãos de segurança para conter a violência armada. “Estamos alinhando estratégias com o governo federal e os municípios da Região Metropolitana para estabelecer ações integradas que reduzam o número de confrontos e protejam a vida dos cidadãos”, diz o comunicado.

Impacto social e econômico

O aumento de tiroteios e de vítimas de balas perdidas vem trazendo consequências diretas para a economia local. Pequenos comerciantes afirmam que precisam fechar as lojas mais cedo e lidam com uma queda no fluxo de clientes em áreas constantemente afetadas por confrontos armados. No setor de turismo, especialmente em regiões próximas a pontos turísticos populares, empresários demonstram preocupação com a possibilidade de redução na procura por hospedagem, dada a repercussão negativa do problema na mídia internacional.

Os reflexos não se limitam à economia. Profissionais de saúde mental apontam para o crescimento dos casos de ansiedade, estresse pós-traumático e depressão em moradores que vivem sob o receio constante de serem atingidos por balas perdidas ou de ficarem no meio de um fogo cruzado. Para especialistas, o enfrentamento da criminalidade não pode se basear apenas em operações pontuais das forças de segurança: é preciso implementar políticas de longo prazo que ofereçam oportunidades de educação, cultura, lazer e emprego nas áreas mais afetadas.

Enquanto isso, organizações da sociedade civil cobram maior transparência nos dados sobre violência e um acompanhamento contínuo das ações policiais, de forma a evitar operações mal planejadas e garantir a segurança dos moradores. “A vida do cidadão comum não pode continuar sendo tratada como um dano colateral”, adverte uma das lideranças comunitárias.

Imagem de capa ilustrativa.

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