Mais um dia de Rio de Sangue (e o hoje continua sendo um reflexo do ontem)

chacina

O ano de 2024 tem sido marcado por uma crescente crise de violência no Rio de Janeiro. Os índices de conflitos aumentaram, com destaque para tiroteios e ataques a comunidades, reforçando o clima de medo e evidenciando a dificuldade em implementar medidas efetivas. Entre as vítimas mais vulneráveis estão crianças e adolescentes, cujas vidas têm sido impactadas de forma brutal. Dados do Instituto Fogo Cruzado mostram que, só neste ano, 25 crianças foram baleadas, das quais 4 morreram e 21 ficaram feridas. Paralelamente, 34 adolescentes foram baleados, resultando em 16 mortes e 18 feridos, o que evidencia o impacto trágico da violência sobre a juventude.

Mais uma operação policial na Rocinha, e a sensação é de que o tempo parou. As notícias se repetem: tiroteios, baleados, mortos. Para quem vive nessas regiões, a rotina é sempre a mesma. O barulho dos tiros ecoa na memória, o medo torna-se constante e, no dia seguinte, as famílias que perderam seus filhos precisam lidar com a dor, enquanto outras tentam seguir em frente, mesmo após passarem horas escondidas debaixo da cama, rezando para que os tiros cessem. Esse ciclo de violência já deveria ter nos ensinado que guerra não traz paz. O que sobra é um rastro de dor e uma pergunta sem resposta: o que vai mudar amanhã?

Relatórios do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que os tiroteios cresceram 15% no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior, concentrando-se principalmente nas cidade e na Baixada Fluminense e zonas Norte e Oeste da cidade do Rio, regiões historicamente afetadas pela pobreza e pela presença de grupos criminosos. Apenas no mês de junho deste ano, a ONG Fogo Cruzado registrou mais de 500 tiroteios, um número recorde.

Por trás desses números, aulas são suspensas, comércios interrompem suas atividades, serviços públicos são prejudicados e moradores vivem sob um constante estado de medo pois, além dessa guerra, o aumento nos crimes contra o patrimônio, como roubos de veículos, roubos de rua e assaltos em transportes coletivos, tem impactando, sobretudo, as classes mais baixas.

O governo do estado tem intensificado as operações policiais, com uso excessivo da força e falta de planejamento, o que resulta em mortes de inocentes. Por outro lado, o governo federal anunciou, há meses, um plano integrado com o Rio de Janeiro, buscando unir forças e investimentos. Mas nada se materializou ainda. O crime organizado cresce onde o Estado está ausente e também em sociedade venal com agentes do Estado, em negócios de controle territorial e sobre a vida das pessoas.

Enquanto isso, os moradores do Rio seguem resistindo e adaptando suas vidas ao som dos tiros, aguardando o momento em que não será mais preciso falar de sangue, medo e perda. O amanhã precisa ser diferente, mas, enquanto o Estado não se fizer presente de forma efetiva, o hoje continuará sendo um reflexo do ontem.

Foto de capa ilustrativa.

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