Neste sábado, 8 de março de 2025, completam-se exatos quatro anos desde a trágica morte de Henry Borel Medeiros, um menino de apenas 4 anos que perdeu a vida de forma brutal em um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Desde o acontecido, a família de Henry, liderada pelo pai, o engenheiro Leniel Borel, ainda aguarda o desfecho do caso. Leniel, que teve a guarda compartilhada do filho após a separação de Monique, entregou Henry à mãe no dia anterior ao crime, sem imaginar a tragédia que estava por vir. Desde então, ele tem se dedicado a buscar justiça e a manter viva a memória do filho, participando ativamente do processo como assistente de acusação.
O impacto do caso foi tão significativo que, em 2022, inspirou a criação da Lei Federal 14.344, conhecida como Lei Henry Borel. Sancionada sem vetos, a legislação alterou o Código Penal, classificando o homicídio de menores de 14 anos como crime hediondo e introduzindo medidas protetivas específicas para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. A lei é vista como um legado de Henry, mas, para Leniel, a verdadeira justiça só virá com a condenação dos responsáveis.
Relembre o caso
Na madrugada de 8 de março de 2021, Henry Borel foi levado já sem vida ao Hospital Barra D’Or por Monique e Jairinho. Inicialmente, o casal alegou que a criança havia sofrido um acidente doméstico, encontrado desacordada no chão do quarto após um suposto tombo. No entanto, o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) revelou uma realidade bem diferente: Henry apresentava 23 lesões pelo corpo, incluindo hematomas, contusões nos rins e pulmões, lesões na cabeça e uma laceração hepática que causou hemorragia interna – a causa oficial de sua morte. A perícia concluiu que as lesões eram resultado de ação contundente, incompatíveis com a versão apresentada pelo casal.
A investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro apontou que Henry foi vítima de agressões perpetradas por Jairinho, com a conivência de Monique, que, segundo provas, tinha conhecimento prévio das violências sofridas pelo filho. Mensagens recuperadas do celular de Monique, trocadas com a babá Thayná Ferreira, mostraram que o menino já vinha sendo alvo de abusos semanas antes do crime fatal. Em uma das conversas, datada de fevereiro de 2021, a babá relatou que Henry saiu mancando após ficar trancado com Jairinho no quarto, mas Monique optou por não tomar providências.
Prisão e repercussões
Em 8 de abril de 2021, exatamente um mês após a morte de Henry, Monique Medeiros e Dr. Jairinho foram presos preventivamente, acusados de homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de tortura –, além de outros crimes como coação de testemunhas e, no caso de Monique, omissão diante das agressões. A prisão foi marcada por detalhes que reforçaram a gravidade do caso: o casal tentou descartar celulares pela janela ao perceber a chegada da polícia, e Jairinho usou sua influência política para contatar autoridades, como o então governador em exercício Cláudio Castro, na tentativa de abafar as investigações.
O caso também expôs o perfil de Jairinho, um médico e vereador reeleito por cinco mandatos, conhecido por sua influência na Zona Oeste carioca. Após o crime, ele perdeu o mandato por quebra de decoro parlamentar e teve o registro profissional de médico cassado. Já Monique, que inicialmente defendeu a versão do acidente, viu sua situação se complicar com as evidências de que sabia das agressões e não protegeu o filho.
Por que o julgamento ainda não ocorreu?
O caso, que chocou o Brasil em 2021, continua a reverberar na sociedade, reacendendo debates sobre violência doméstica, proteção infantil e a lentidão do sistema judicial brasileiro. Até hoje, os acusados – Monique Medeiros, mãe de Henry, e Jairo Souza Santos Júnior, o ex-vereador conhecido como Dr. Jairinho, então padrasto do menino – ainda não foram julgados em júri popular, apesar das provas robustas apresentadas pela investigação.
Apesar da determinação da juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, em novembro de 2022, de que Monique e Jairinho sejam levados a júri popular, o julgamento ainda não tem data marcada. Recursos apresentados pelas defesas dos réus ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm adiado o processo. Um dos recursos, que questiona a sentença de pronúncia, segue pendente de análise no STJ, impedindo a marcação do júri.
Enquanto isso, os acusados permanecem presos preventivamente – Jairinho no presídio Bangu 8, e Monique em uma unidade feminina no Complexo de Gericinó. Nos últimos anos, Monique chegou a ser solta temporariamente em 2022, mas voltou à prisão em 2023 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
O que esperar?
Com o quarto aniversário do crime, a pressão popular por um desfecho aumenta. O MPRJ mantém a acusação firme, sustentada por laudos periciais, depoimentos e provas digitais, enquanto as defesas de Monique e Jairinho insistem em versões alternativas e questionam a imparcialidade do processo. A expectativa é que o STJ julgue o recurso pendente ainda em 2025, abrindo caminho para o tão aguardado júri popular.
Enquanto o dia 8 de março de 2025 chega, a memória de Henry Borel permanece viva, não apenas como símbolo de uma tragédia, mas como um chamado à reflexão sobre a proteção das crianças e a responsabilidade de todos – família, sociedade e Estado – em evitar que casos como esse se repitam.
O sentimento da família e da sociedade
Às vésperas do quarto aniversário do crime, o Caso Henry Borel continua a gerar comoção. Nas redes sociais, internautas cobram celeridade na Justiça e expressam revolta com a brutalidade do ocorrido.
Leniel Borel, em entrevista recente, afirmou que a data de 8 de março é sempre um momento de dor, mas também de renovação de sua luta. “Meu filho foi um anjo que mudou leis e consciências. Só peço que a Justiça faça sua parte”, declarou. Ele também anunciou que, em maio de 2024, sua filha Valentina nasceu, coincidentemente no mesmo dia do aniversário de Henry, 3 de maio, o que trouxe um novo significado à data.
Mais notícias
01 – Julgamento do caso Henry Borel
02 – Henry Borel: Os valores acima da vida
03 – Henry Borel: Uma Vítima Fatal Visível da Alienação Parental
04 – Vamos falar da Lei Henry Borel
05 – A Importância da Lei Henry Borel no Combate à Violência contra Crianças
Dia da criação da Lei Henry Borel
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