ComuniSaúde: Favelas podem registrar temperaturas até 10ºC mais altas do que em bairros

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A desigualdade social no Brasil se reflete também na desigualdade climática. Estudos recentes demonstram que favelas e regiões periféricas podem registrar temperaturas até 10ºC mais altas em comparação com bairros nobres, tornando essas áreas ainda mais vulneráveis às mudanças climáticas. Esse fenômeno, conhecido como ilha de calor urbana, é agravado pela ausência de arborização, adensamento urbano excessivo e materiais inadequados na construção das moradias.

Um levantamento realizado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), revelou que favelas e periferias são mais afetadas pelo calor extremo. A pesquisa, que faz parte de um monitoramento climático iniciado em 2018, aponta que fatores como urbanização acelerada, escassez de vegetação e poluição atmosférica intensificam o problema.
Outro estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado em 2020, destacou que as condições estruturais das moradias nas favelas também contribuem para a retenção de calor. Construções com espaços reduzidos, pouca ventilação e materiais como telhas de zinco e paredes finas de alvenaria sem isolamento térmico dificultam a dissipação do calor, tornando o ambiente insalubre.

Impactos do calor extremo e racismo ambiental
A falta de vegetação nas favelas intensifica o problema, já que as árvores ajudam na regulação térmica ao liberar umidade e reduzir a temperatura do entorno. Em contrapartida, bairros nobres possuem espaços abertos, maior arborização e construções planejadas, o que contribui para um clima mais ameno.
A desigualdade térmica entre bairros nobres e periferias reflete um problema de racismo ambiental, pois as comunidades mais pobres estão mais expostas aos efeitos negativos da degradação climática. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que o efeito das ilhas de calor urbanas ocorre devido à substituição de solos naturais por asfalto e concreto, que absorvem calor durante o dia e o liberam lentamente durante a noite, mantendo as temperaturas elevadas.

Rio de Janeiro em alerta
A onda de calor que atinge o Rio de Janeiro tem provocado impactos significativos na saúde da população. Até o momento, mais de 3 mil pessoas precisaram de atendimento médico devido a complicações relacionadas às altas temperaturas. Entre os principais problemas estão a desidratação, insolação, problemas cardíacos e respiratórios.

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