Desde a publicação do Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3) no final de 2009, a ComCausa adotou a Memória, Verdade e Justiça como um dos principais eixos de atuação. A entidade entende que muitas das violações de direitos humanos que ocorrem atualmente são decorrentes das violências cometidas pelo Estado durante a ditadura civil-militar de 1964 a 1985.
Em 2010, alinhada com outras instituições, a ComCausa deu início a atividades voltadas à preservação da memória histórica. Em 2012, participou da apresentação da Comissão Nacional da Verdade no Palácio do Planalto e, no mesmo ano, realizou o Circuito Memória e História, em parceria com instituições da Região Serrana e de Minas Gerais, encerrando as atividades no Palácio Rio Negro, em Petrópolis.
Em 2013, articulou junto à então Comissão Estadual da Verdade do Estado do Rio de Janeiro a criação do Comitê Baixada de Memória, Justiça e Verdade, lançado na Câmara dos Vereadores de Duque de Caxias em agosto daquele ano. No entanto, nos anos seguintes, houve um desmonte progressivo das políticas de memória e verdade, acentuado após a entrega dos relatórios da Comissão Nacional da Verdade em 2014. A turbulência política subsequente, marcada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e pela ascensão de grupos que relativizam ou negam os crimes da ditadura, dificultou a continuidade desses trabalhos.
Exposição destacou impactos da ditadura na Baixada Fluminense e a luta por memória e justiça
Em 2014, por ocasião dos 50 anos do golpe civil-militar, a ComCausa organizou a exposição Ditadura e Baixada Fluminense, que abordou a repressão do regime e sua relação com a violência histórica na região. A mostra estabeleceu conexões com casos emblemáticos, como a Chacina da Baixada, ocorrida em 31 de março de 2005, exatamente 41 anos após o golpe, reforçando como a violência de Estado permaneceu como uma marca na história local.
Além de denunciar esses episódios, a exposição destacou a resistência de diversos setores da sociedade, incluindo figuras como Dom Adriano Hipólito, bispo que se tornou símbolo da luta pelos direitos humanos na Baixada Fluminense.
Casa da Morte
A ComCausa também tem atuado em movimentos que buscam o reconhecimento e o tombamento da Casa da Morte, em Petrópolis, como um local clandestino de tortura durante a ditadura militar. A iniciativa visa transformar o espaço em um centro de memória, garantindo que as violações cometidas naquele período não sejam esquecidas e que sirvam como um alerta permanente contra qualquer tipo de repressão e violência de Estado.
Memória, Verdade e Justiça 2025
A partir de 1º de abril de 2025, a ComCausa lançará um ciclo de atividades, incluindo exibição de filmes sobre o tema, especialmente para o público jovem, seguidas de rodas de debate para fomentar a reflexão sobre os impactos da ditadura no presente.
As atividades serão articuladas para ocorrer nas seccionais da OAB, universidades, instituições e espaços culturais, como bares e até nas ruas. A finalidade principal é enfrentar o negacionismo histórico e provocar a reflexão sobre o que está acontecendo hoje, seja no contexto político, cultural ou social.
A previsão é de lançamento no dia 1º de abril na Baixada Fluminense, e as atividades acontecerão de forma itinerante.
A ComCausa reforça seu compromisso em manter viva a memória das vítimas da repressão e em educar as novas gerações sobre a importância da democracia e dos direitos humanos. O projeto se apresenta como uma resposta necessária ao contexto atual, buscando reavivar a discussão sobre um dos períodos mais sombrios da história brasileira e suas consequências até os dias de hoje.
Foto de capa ilustrativa.
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